Delirium e Défice Cognitivo no Serviço de Urgência

Porque é importante?

Problemas cognitivos, incluindo o Delirium e Demência, são comuns nas pessoas idosas que recorrem ao Serviço de Urgência (SU). Até 20% destes idosos têm algum grau de compromisso cognitivo pré-existente1. O Delirium afeta cerca de 10% dos idosos no SU.2 A permanência prolongada no SU está associada ao desenvolvimento de delirium em pessoas vulneráveis.3

Na presença de delirium a taxa de mortalidade triplica. Também está associado ao aumento do declínio funcional e cognitivo e a permanência mais longa no hospital.4,5

Foi demontrado que em mais de 50% dos casos o delirium não é diagnosticado no SU.6

Como reconhecer idosos com Delirium /Défice Cognitivo?

Use uma ferramenta para identificar o Delirium, como a 4AT7-14, e associe essa identificação a ações em torno dos cuidados, tais como reavaliação precoce, gestão do doente em espaços pré designados, avaliação direcionada e internamento precoce.

O Que Podemos Fazer?

  1. Gerir doentes com delirium, ou em risco de desenvolver delirium, por meio de intervenções multicomponente e re-orientação regular. Realizar uma avaliação estruturada, incluindo revisão de medicamentos que vise identificar e reverter possíveis causas de delirium. Existem checklists que podem ser usadas neste processo.7-14
  2. Usar ferramentas apropriadas para a avaliação da dor em idosos com compromisso cognitivo, por exemplo a PAINAD.17
  3. Quando os doentes apresentam alterações comportamentais ou agitação relacionados com o compromisso cognitivo, opte por medidas não farmacológicas como primeira linha.19,20,21,22 A contenção física não deve ser usada.
  4. Recorrer à sedação de forma cautelosa e apenas quando as medidas não farmacológicas falharem. Privilegie terapêutica oral em primeira instância adaptada a cada doente. A decisão de escalar para sedação IM/IV deve ser tomada por um médico sénior e administrada em áreas com monitorização adequada onde a abordagem da via aérea seja possível, seguindo as orientações locais e nacionais para a sedação.
  5. Vincular doentes com compromisso cognitivo no SU a cuidados estruturados seja no internamento ou, à data de alta, ao cuidado do seu médico assistente para uma investigação mais aprofundada.21
  6. Adaptar a investigação etiológica do delirium à história individual do doente e aos achados do exame objetivo.

Identificação do Défice Cognitivo e/ou Delirium no Su

Ferramentas

Informação

Este material educativo foi desenvolvido pela European Task Force for Geriatric Emergency Medicine, resultante da colaboração da European Society for Emergency Medicine (EUSEM) e da European Geriatric Medicine Society (EuGMS). Para mais informações visite: geriEMEurope.eu e siga-nos no Twitter: @geriEMEurope.

Traduzido e adaptado para Português pelo NEGERMI (Núcleo de Estudos de Geriatria da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna)

Referências

  1. Hustey, Fredric M. et al. The prevalence and documentation of impaired mental status in elderly emergency department patients. Annals of Emergency Medicine, Volume 39, Issue 3, 248 - 253.
  2. Han J.H., Wilson A., Ely E.W. Delirium in the older emergency department patient: A quiet epidemic. Emerg. Med. Clin. North. Am. 2010;28:611–631. doi: 10.1016/j.emc.2010.03.005.
  3. Bo M., Bonetto M., Bottignole G., Porrino P., Coppo E., Tibaldi M., Ceci G., Raspo S., Cappa G., Bellelli G. Length of Stay in the Emergency Department and Occurrence of Delirium in Older Medical Patients. J. Am. Geriatr. Soc. 2016;64:1114–1119. doi: 10.1111/jgs.14103.
  4. Émond M., Grenier D., Morin J., Eagles D., Boucher V., Le Sage N., Mercier É., Voyer P., Lee J.S. Emergency Department Stay Associated Delirium in Older Patients. Can. Geriatr. J. 2017;20:10–14. doi: 10.5770/cgj.20.246.
  5. Han J.H., Eden S., Shintani A., Morandi A., Schnelle J., Dittus R.S., Storrow A.B., Ely E.W. Delirium in older emergency department patients is an independent predictor of hospital length of stay. Acad. Emerg. Med. 2011;18:451–457. doi: 10.1111/j.1553-2712.2011.01065.x.
  6. Han J.H., Shintani A., Eden S., Morandi A., Solberg L.M., Schnelle J., Dittus R.S., Storrow A.B., Ely E.W. Delirium in the emergency department: An independent predictor of death within 6 months. Ann. Emerg. Med. 2010;56:244–252.e1. doi: 10.1016/j.annemergmed.2010.03.003.
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  8. Bellelli G, Morandi A, Davis DH, Mazzola P, Turco R, Gentile S, Ryan T, Cash H, Guerini F, Torpilliesi T, Del Santo F, Trabucchi M, Annoni G, Maclullich AM. Validation of the 4AT, a new instrument for rapid delirium screening: a study in 234 hospitalised older people. Age Ageing. 2014 Jul; 43(4):496-502.
  9. Bédard C., Voyer P., Eagles D., Boucher V., Pelletier M., Gouin E., Berthelot S., Daoust R., Laguë A., Gagné A., et al. LO57: Validation of the Ottawa 3DY in community seniors in the ED. CJEM. 2017;19:S47. doi: 10.1017/cem.2017.119.
  10. Carpenter C.R., Bassett E.R., Fischer G.M., Shirshekan J., Galvin J.E., Morris J.C. Four Sensitive Screening Tools to Detect Cognitive Dysfunction in Geriatric Emergency Department Patients: Brief Alzheimer’s Screen, Short Blessed Test, Ottawa 3DY, and the Caregiver-completed AD8. Acad. Emerg. Med. 2011;18:374–384. doi: 10.1111/j.1553-2712.2011.01040.x.
  11. Inouye S.K., van Dyck C.H., Alessi C.A., Balkin S., Siegal A.P., Horwitz R.I. Clarifying confusion: The confusion assessment method. A new method for detection of delirium. Ann. Intern. Med. 1990;113:941–948. doi: 10.7326/0003-4819-113-12-941.
  12. Han J.H., Wilson A., Vasilevskis E.E., Shintani A., Schnelle J.F., Dittus R.S., Graves A.J., Storrow A.B., Shuster J., Ely E.W. Diagnosing delirium in older emergency department patients: Validity and reliability of the delirium triage screen and the brief confusion assessment method. Ann. Emerg. Med. 2013;62:457–465. doi: 10.1016/j.annemergmed.2013.05.003.
  13. Han, Jin H. et al. A quick and easy delirium assessment for nonphysician research personnel. The American Journal of Emergency Medicine, Volume 34, Issue 6, 1031 - 1036.
  14. LaMantia MA, Messina FC, Hobgood CD, Miller DK. Screening for delirium in the emergency department: a systematic review. Annals of Emergency Medicine 2014;63(5):551-60.e2.
  15. Martinez F, Tobar C, Hill N. Preventing delirium: should nonpharmacological, multicomponent interventions be used? A systematic review and meta-analysis of the literature. Age & Ageing 2015;44(2):196-204.
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  17. Warden V, Hurley AC, Volicer L. Development and psychometric evaluation of the Pain Assessment in Advanced Dementia (PAINAD) scale. J Am Med Dir Assoc. 2003 Jan-Feb; 4(1):9-15.
  18. National Clinical Guideline Centre (UK). Delirium: Diagnosis, Prevention and Management. London: Royal College of Physicians (UK); 2010 Jul. (NICE Clinical Guidelines, No. 103.) 12, Treatment of delirium: non-pharmacological (hospital setting) (Accessed 5/9/2019).
  19. Abraha I., Trotta F., Rimland J.M., Cruz-Jentoft A., Lozano-Montoya I., Soiza R.L., Pierini V., Dessì Fulgheri P., Lattanzio F., O’Mahony D., et al. Efficacy of Non-Pharmacological Interventions to Prevent and Treat Delirium in Older Patients: A Systematic Overview. The SENATOR project ONTOP Series. PLoS ONE. 2015;10 doi: 10.1371/journal.pone.0123090.
  20. Abraha I., Rimland J.M., Trotta F., Pierini V., Cruz-Jentoft A., Soiza R., O’Mahony D., Cherubini A. Non-Pharmacological Interventions to Prevent or Treat Delirium in Older Patients: Clinical Practice Recommendations The SENATOR-ONTOP Series. J. Nutr. Health Aging. 2016;20:927–936. doi: 10.1007/s12603-016-0719-9.
  21. Schnitker L, Martin-Khan M, Beattie E, Gray L. What is the evidence to guide best practice for the management of older people with cognitive impairment presenting to emergency departments? A systematic review. Adv Emerg Nurs J. 2013 Apr-Jun;35(2):154-69.

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